17.10.24

Saci é festejado durante o Halloween

Quase que o Saci ganha oficialmente um dia só pra ele no calendário de eventos do Brasil, mas o projeto de lei com esta finalidade aguarda votação na Câmara dos Deputados desde 2003. Mesmo assim, a proposta de tornar 31 de outubro o Dia do Saci foi adotada e é lembrada em escolas e outras instituições nacionais. E em geral, convive tranquilamente com as festividades do Halloween, contrariando o objetivo do projeto que era o de  "nacionalizar" as manifestações folclóricas em contraposição ao Halloween, que originalmente integra o calendário dos Estados Unidos e de países europeus.
Com data fixada por lei ou não - em São Paulo, a Lei Estadual 11.669/2004 fixa o Dia do Saci em 31 de outubro - o menino é símbolo de liberdade e se junta à figura do Negrinho do Pastoreio, outro pequeno guerreiro maltratado que virou lenda desde a virada do século XVIII para o XIX. Dá para imaginar um jovem escravo que prefere amputar a própria perna para ganhar a sua liberdade? Pois há estudos sobre essa prática durante a escravatura no Brasil. E o boné vermelho que o menino usa? Há registros em gravuras do período colonial de negros usando a carapuça, assim como usavam os escravos na antiga Roma e os revolucionários, franceses após a queda da Bastilha. Boné, gorro, carapuça, barrete frígio, píleo, todos na cor vermelha, são um símbolo de liberdade.
Aqui vamos marcar a data com o Saci lançado em 2002 como um dos cinco bonequinhos da coleção Fofo Sitio do Picapau Amarelo, e que traz os elementos deste personagem do folclore brasileiro que simboliza a luta dos negros pela liberdade. Usa o gorro vermelho, tem uma perna só e um sorriso permanente. Ele foi introduzido na literatura por Monteiro Lobato, que em 1917 realizou uma consulta com os leitores do jornal O Estado de São Paulo sobre o mito do Saci. Sistematizando as respostas, o escritor lançou o livro "Sacy-pererê: resultado de um inquérito", em 1918; e adaptou a lenda para o público infantil em "O Saci", em 1921, livro que faz parte da coleção do Sítio do Pica-Pau-Amarelo.
A sistematização de Monteiro Lobato foi o primeiro livro que tratou do personagem como elemento do folclore nacional. De lá para cá, multiplicaram-se estudos e publicações sobre o Saci, questionando e buscando desconstruir a versão "colonialista" que atribui ao jovem negro uma personalidade "endiabrada", de caráter duvidoso, que causaria problemas por onde passasse. Logo abaixo, listo alguns textos que tratam da questão. Viva o Saci! Viva a liberdade que ele representa! 😊


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