20.11.22

Fofoletes: o foco de uma coleção

A passagem do Dia do Colecionador, 18 de novembro, merece um registro sem pretensão de ser um estudo sobre o ato de colecionar, ou sobre a pessoa que coleciona. Levo em conta a minha experiência com a coleção de Fofoletes, que comecei a valorizar em 1999, quando passei a comprar as bonequinhas para minhas filhas e acabei guardando comigo, já que elas não gostaram.
A internet está lotada de definições sobre o colecionador e o ato de colecionar. Basta escolher uma delas e se encaixar. Em geral, colecionador, ou colecionadora, é a pessoa que obtém e preserva coisas antigas, preciosas, difíceis de encontrar, os famosos vintage, ou nem tão famosos nem tão vintage. Tem que ser um hábito ativo, seletivo e cheio de paixão - e muito dinheiro, dependendo do que se coleciona.
O colecionador tem que ter um foco, um objeto de desejo, que passa a ser o ponto de partida para a coleção. Ao serem agrupados sob o ponto de vista do colecionador, os objetos colecionados em geral deixam de ser utilizados na sua forma específica. Moedas colecionadas, por exemplo, não são para comprar nada, mas são guardadas pelo valor que representam, e não pelo valor real; bonecas de uma coleção não são para brincar. Assim colocados, os colecionáveis têm uma condição que altera suas representações de significado e significantes e viram tema de análises e teses da área da linguística.
O colecionismo vem sendo observado em diversas outras áreas de estudo, além da linguística, como comercial, literária, pedagógica e saúde mental. Em alguns casos, o ato de colecionar confunde-se com a prática do transtorno de acumulação (TA), que se manifesta pela dificuldade que uma pessoa tem de se desfazer de objetos "devido ao sofrimento associado com o descarte ou a uma necessidade percebida de guardar posses a despeito de seu valor real".  
Na avaliação de estudiosos, "o hábito de colecionar possui justificativas históricas, filosóficas e psicológicas e tem a ver com sentimentos de pertencimento a um grupo, competição, medos, fracasso, desejos não realizados, vontade de se isolar num mundo e ser capaz de comandá-lo".
Eu acredito que a possibilidade de exibir a coleção pelas redes sociais amplia esse "sentimento de pertencimento" identificado pelos pesquisadores. Quando inicialmente postei fotos das Fofoletes no Flickr, fiquei impressionada com a rapidez da propagação; já a experiência pelo Instagram ampliou essa impressão e revelou desde o começo um universo que eu ignorava, cheio de gente divertida e disponível à troca de ideias sobre as coleções.
As pessoas que sigo ou me seguem no Instagram colecionam brinquedos. Bonecos e bonecas, figuras de ação, Playmobil e Lego, pelúcias, diversos objetos que parece terem sido feitos para crianças, mas que já passaram a ser fabricados e vendidos para o público adulto. Recentemente a Estrela, depois de sete anos, lançou uma coleção de Fofoletes e direcionou seu material de divulgação para aquela criança que virou adulta e sente saudades das bonequinhas. Da mesma forma outras bonecas, como a Barbie e a Susi, se apresentam desde sempre como mais uma peça nas prateleiras de colecionadores. A conclusão óbvia é que a indústria e o comércio já direcionam seus serviços para uma parcela de consumidores que se dedicam a colecionar brinquedos. E estou falando só de brinquedos, mas isso deve ocorrer em outras áreas de interesse do colecionismo, mais voltadas para peças antigas e fora de produção. Aí, então, identifica-se o intenso comércio em sites e feiras estilo "mercado das pulgas", oferecendo livros, gibis, vídeos, moedas, selos, discos de vinil, canetas, chaveiros, cadeados, talheres, pregos e botões 😊
Eu, colecionadora, procuro manter o foco nas Fofoletes, às vezes escapulindo para algumas outras bonequinhas. Hoje são quase 450 Fofoletes das marcas Trol, Estrela e Stork Babies, em mais de 40 séries dentro das coleções. Não tenho dívidas financeiras por causa delas; não tenho peças espalhadas pela casa e sei que meu acervo depende somente de possíveis lançamentos de Fofoletes pela Estrela, o que é raro ultimamente, ou de uma ou outra raridade da Trol que possa surgir na web.
 


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Fico muito feliz com seu interesse por este blog e seu conteúdo. Fofolete também é cultura :)